Quando pensamos em família, vários são os pensamentos e tipologias que nos podem surgir, uma vez que inclui diversas formas e significados versáteis nos dias de hoje. Umas são constituídas por um casal, outras por pais e filhos, outras apenas por uma mãe/pai e uma criança e outras até pela presença dos avós. Qualquer que seja a nossa visão de família, uma coisa é certa, a família deve ser considerada um sistema, ou seja, um conjunto de elementos que se encontram emocionalmente ligados, tendo, por esta razão, um impacto mútuo uns nos outros. Sendo um sistema onde existem trocas emocionais bastante intensas, pode acontecer, por vezes, que existam dificuldades familiares na resolução dos desafios quotidianos, surgindo conflitos entre os vários membros. Quando esta situação acontece, torna-se importante consultar um profissional para que se evite um agravar da situação. Pode até pensar que com o tempo a situação acabará por acalmar, no entanto, se o problema de base não for corretamente resolvido, mais tarde o problema acaba por surgir novamente. Os desafios...Para se compreender o funcionamento de uma determinada família, devemos ter em consideração que vários foram e são os desafios que esta enfrenta ao longo do seu desenvolvimento, consoante as etapas pelas quais vão passando, ao longo do chamado Ciclo de Vida de uma Família. A definição das diferentes etapas do ciclo vital tem variado consoante os autores, embora exista algum consenso relativamente aos critérios que permitem diferenciá-las. Em termos práticos, podemos considerar 5 principais etapas que se consideram centrais em termos de evolução, nomeadamente:
E será, essencialmente, a forma como cada família resolve e enfrenta estes mesmos desafios que irá permitir o seu crescimento e adaptação. De facto, segundo vários autores, são três os aspetos do funcionamento familiar que são considerados fundamentais no dia-a-dia das famílias: os Recursos e Capacidade de Adaptação da Família, a Comunicação Familiar e a Sobrecarga de Dificuldades a que a família se encontra sujeita. É a conjugação destes três elementos que irá definir a funcionalidade da família. Famílias (Dis)FuncionaisQuando em contexto de consulta uma família nos traz um determinado problema, vários são os pontos aos quais devemos ter atenção, nomeadamente a forma como ocorre a comunicação entre os seus membros, a vinculação, a intimidade e muito importante, os limites que existem entre as diferentes hierarquias de uma família. Essencialmente, o que caracteriza e delimita estas hierarquias são os papéis, funções, normas e estatutos desempenhados por cada elemento - numa família podemos encontrar fundamentalmente quatro pequenos grupos: Individual; Conjugal; Parental e Fraternal. Em primeiro lugar, antes de membro de uma família, todos nós somos pessoas! Pessoas individuais com papéis e funções nos vários contextos por onde vamos passando no nosso dia-a-dia. Somos o aluno, o trabalhador, o amigo, o colega de trabalho… e obviamente que aquilo que somos em determinado contexto influencia de forma dinâmica todos os outros pelos quais vamos passando. Num segundo momento temos o Casal, composto por marido e mulher. O apoio e a adaptação entre os dois são aspetos essenciais ao seu bom funcionamento. Na formação do casal é importante que os cônjuges passem por determinadas tarefas de desenvolvimento, que se caracterizam, por exemplo, pelo aprofundamento do amor surgido durante o namoro; pela identidade da relação e herança da família de origem – que aspetos dos modelos das respetivas famílias vão ou não ser adotados pelo novo casal e como –; acordo sobre envolvimento, proximidade, intimidade psicológica, autonomia, poder; ajustamento de hábitos e costumes; ajustamento de papéis e funções e estabelecimento de uma nova rede de relações sociais. É, assim, através de um jogo de equilíbrios e complementaridades que a conjugalidade se torna idealmente funcional. No entanto, há situações em que a diferenciação e a autonomia em relação à família de origem revela algumas dificuldades, comprometendo o bem-estar do casal, levando a que surjam os ataques verbais ao parceiro. Porém, segundo vários autores, bem como de acordo com a minha experiência, quanto mais conhecedor o casal estiver da sua relação e quanto maior for este treino, maiores serão as probabilidades de sobrevivência. É através da comunicação e do realinhamento relacional que, em terapia de casal, uma relação que considera estar à bera da rotura, pode ganhar uma nova vida.Num momento posterior, surgem então os Pais! Neste momento o casal começa a assumir funções executivas como a educação e proteção dos seus filhos. É a partir das interações pais-filhos que as crianças aprendem o sentido de autoridade, a forma de negociar e de lidar com o conflito no contexto de uma relação vertical. Embora composto habitualmente pelas mesmas pessoas, importa termos presente que antes de ser pai e mãe, o casal é composto pelo marido e pela mulher e daí a importância do estabelecer de limites entre estas hierarquias. É exatamente na negociação da educação dos filhos que surgem muitos dos problemas no casal, uma vez que revelam dificuldades em distinguir o casal conjugal do casal parental.Se tem dificuldades em chegar a acordo acerca da melhor forma de educar o seu filho, estabelecer regras e limites, saiba que as consultas de Aconselhamento Parental, podem ajudar na desafiante tarefa de educar uma criança. No final da hierarquia, temos os filhos/irmãos. Este pode ser considerado um lugar de socialização e de experimentação de papéis. É neste contexto que as crianças desenvolvem as suas capacidades relacionais, experimentando o apoio mútuo, a competição, o conflito e a negociação. E quando não existem esses limites... O facto de cada uma das hierarquias ter funções diferentes, mas ao mesmo tempo se encontrarem intimamente relacionadas, torna essencial que se encontrem definidos limites/fronteiras claras entre elas, como se de linhas divisórias se tratasse. Estes limites são, no fundo, regras que definem quem participa em cada hierarquia e como o faz, tendo como objetivo proteger a diferenciação dos seus membros. No fundo, evitar que surjam crianças com poder sobre os pais ou até mesmo sobre os irmãos, alianças entre crianças e um dos elementos paternos contra o outro elemento.Pais que desviam sempre o conflito com os filhos para o parceiro, relações excessivas entre um dos pais com os filhos, elementos da família sem qualquer tipo de individualidade, sem espaço para si, influenciando de forma negativa todo o seu comportamento e forma de estar. Todas estas situações são pequenos exemplos de como os limites não se encontram bem definidos entre as hierarquias. É muito importante que cada um saiba qual o seu papel, tarefas e sobretudo, até onde pode ir. O casal deverá manter um espaço seu, diferente do espaço que tem enquanto pais. A negociação de todas as questões associadas à educação dos filhos deverá ser tida sempre enquanto pais e não enquanto casal. A maior parte dos conflitos e dificuldades que vão surgido nas famílias encontram-se muitas vezes relacionadas cm a fusão destes limites.A família acaba por não ter recursos suficientes para identificar o foco do problema e neste caso, torna-se importante recorrer a ajuda especializada no sentido de reencontrar o equilíbrio familiar, através da Terapia Familiar. É na família que as crianças aprendem a interagir, podendo-se considerar um espaço onde começam por viver relações afetivas profundas, constituindo-se deste modo uma importante base da vida social. Intervir precocemente evita que os conflitos se enraízem e ganhem dimensões mais profundas na vida familiar. Se está a iniciar uma vida a dois, procurar ajuda nesta fase através da Terapia de Casal, é essencial para construir fundações sólidas para a vossa relação. Se tem dificuldades em negociar as estratégias educativas com o seu companheiro, enquanto pai e mãe, o Aconselhamento Parental, pode ser uma solução, facilitando e influenciando todo o sistema familiar. Se sente que existe algum comportamento num dos elementos da família que está a afetar todo o sistema familiar e que a comunicação entre todos não está a ser feita da forma como gostaria, a Terapia Familiar, poderá ser um valioso recurso para ultrapassar os desafios que surgem ao longo do ciclo de vida familiar.
Artigo desenvolvido em parceria com
Learn2Be - Clínica de Psicologia e Coaching
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