Espelho meu, espelho meu... |
Para a maioria de nós, o nosso valor pessoal é resultado da percepção do nosso desempenho em diversas áreas da nossa vida, como por exemplo, a qualidade do desempenho na escola, no trabalho, o modo como organizamos as nossas relações interpessoais, como desempenhamos os diferentes papéis sociais, o grau de eficácia e sucesso em atividades de lazer e desporto, etc. |
No entanto, para as pessoas com perturbações alimentares, todas estas áreas aparentam ter um peso reduzido no modo como contribuem para a sua própria avaliação pessoal e no modo como se sentem em relação a si próprias, na medida em que tendem a avaliar-se quase exclusivamente com base na sua capacidade de controlar os aspetos relacionados com a dieta restritiva, com o peso e forma corporal.
Estes aspetos são um fator característico e distintivo das perturbações alimentares e são, eles próprios, um fator-chave na manutenção dos sintomas.
Causas e fatores de risco
Na nossa sociedade, as causas associadas às doenças do comportamento alimentar são diversas e com origem em diferentes fatores. Constituem fatores de risco na adolescência:
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As pessoas com doenças do comportamento alimentar têm tendência para ser muito críticas em relação a si próprias, pensado que são inúteis, ou sem muito mérito. Esta autodepreciação manifesta-se através do desagrado em relação à aparência, à imagem corporal e à altura e é esta insatisfação que leva, por sua vez, a um comportamento alimentar que se torna problemático.
Em suma, mecanismos como o perfecionismo, a baixa autoestima, a intolerância emocional e as dificuldades interpessoais são referidos como contribuindo para a manutenção de todas as perturbações alimentares.
Quais são os sinais de alerta? A que deve estar atento?
- Pedidos insistentes de dietas;
- Fixação num peso ideal;
- Obsessão com o conteúdo calórico dos alimentos;
- Exercício físico intenso para controlar o peso;
- Irregularidades menstruais;
- Pedidos regulares de laxantes, diuréticos, ou inibidores do apetite;
- Isolamento da família nos momentos das refeições.
O papel das emoções
A comida não é apenas nutrição. É amor, carinho, afeto, celebração e toda uma série de emoções. Quantos de nós já procurámos o refúgio na comida em momentos nos quais nos sentimos mais em baixo, mais tristes? Porém, sem dar conta, é fácil entrar num ciclo vicioso. Comemos quando nos sentimos tristes, escolhendo por vezes opções menos saudáveis, aumentando assim os níveis de gordura no corpo e, consequentemente, o nosso peso. Este aumento de peso provoca novamente sentimentos de tristeza e desvalorização pessoal por não estarmos contentes com o nosso próprio corpo e aí, novamente, irá repetir-se o ciclo. |
Este tipo de padrão alimentar poderá então designar-se de fome emocional, uma fome que não surge por sinais fisiológicos, que não é uma fome real, relacionando-se porém a fatores psicológicos, muitas vezes utilizada como forma de lidar com o cansaço ou stress, ou seja, que surge como um mecanismo de compensação face a emoções negativas.
Quais são então as doenças mais comuns do comportamento alimentar?
1. Anorexia Nervosa
As pessoas com anorexia nervosa evitam comer sempre que podem e, quando isso é impossível, tentam comer o menos possível.
Embora este comportamento partilhe o objetivo de perder peso, a grande maioria das pessoas que inicia uma dieta não desenvolve anorexia nervosa.
A questão essencial é que de facto não se trata apenas de restringir a ingestão de alimentos, mas todos os problemas e ansiedades mais profundas, que não são visíveis mas que estão lá, como um medo intenso de ganhar peso e de engordar, uma visão muito distorcida do próprio corpo e a autodepreciação geral.
Embora este comportamento partilhe o objetivo de perder peso, a grande maioria das pessoas que inicia uma dieta não desenvolve anorexia nervosa.
A questão essencial é que de facto não se trata apenas de restringir a ingestão de alimentos, mas todos os problemas e ansiedades mais profundas, que não são visíveis mas que estão lá, como um medo intenso de ganhar peso e de engordar, uma visão muito distorcida do próprio corpo e a autodepreciação geral.
Quem faz uma dieta que chamemos de “normal”, interrompe-a assim que perde algum peso ou, mais frequentemente, assim que se farta e não sofre certamente de uma autoestima tão baixa como é característica das pessoas com anorexia nervosa.
No entanto, a perda de peso e os sintomas físicos não são a única consequência, estando muitas outras complicações associadas a esta forma de restrição alimentar, nomeadamente a nível psicológico, onde começam a surgir questões como a apatia, dificuldades de concentração, alterações do humor e irritabilidade, que no seu conjunto irão influenciar de forma negativa a disposição e a energia necessárias à manutenção de relacionamentos interpessoais saudáveis.
Perante este quadro, vamo-nos sentido isolados, alimentando a crença de que ninguém nos compreende ou nos apoia, aumentando a nossa Auto depreciação.
Perante este quadro, vamo-nos sentido isolados, alimentando a crença de que ninguém nos compreende ou nos apoia, aumentando a nossa Auto depreciação.
2. Bulimia Nervosa
São pessoas que após este comportamento se sentem profundamente culpadas e até enojadas consigo próprias, levando-as a livrarem-se da comida da forma mais rápida que consigam, provocando o vómito.
As pessoas com bulimia nervosa têm as mesmas insatisfações profundas em relação a si próprias, tal como as que sofrem de anorexia nervosa.
Partilham a preocupação com o peso e a imagem corporal e julgam o seu valor pelo aspeto que pensam ter.
São normalmente muito severas na crítica a si próprias e sofrem de baixa autoestima.
Têm, em geral, um peso normal, podendo, assim, as suas dificuldades alimentares passar despercebidas aos outros, ao contrário da perda óbvia de peso que acompanha a anorexia nervosa.
Partilham a preocupação com o peso e a imagem corporal e julgam o seu valor pelo aspeto que pensam ter.
São normalmente muito severas na crítica a si próprias e sofrem de baixa autoestima.
Têm, em geral, um peso normal, podendo, assim, as suas dificuldades alimentares passar despercebidas aos outros, ao contrário da perda óbvia de peso que acompanha a anorexia nervosa.
As pessoas com bulimia nervosa podem, aparentemente, não ter a tendência perfecionista normalmente associada à anorexia nervosa, mas revelam uma maior tendência para se envolverem em comportamentos de risco, como o consumo de drogas, excesso de álcool e sexo sem proteção. Estes comportamentos estão quase sempre relacionados com sentimentos de antipatia por si próprias e a sensação de ter perdido o controlo. |
A bulimia nervosa é rara antes da adolescência, aumentando a sua incidência com a entrada na adolescência.
3. Compulsão alimentar (Binge Eating)
Em muito semelhante à bulimia , sobretudo pelo facto em que ocorre excesso alimentar de forma persistente. Contudo, ao contrário da bulimia, a alimentação desequilibrada existe habitualmente há muito tempo e não há distorções ao nível da perceção do corpo e do peso. É a única doença do comportamento alimentar em que a pessoa tem peso a mais. |
A ingestão alimentar compulsiva caracteriza-se então pela procura voraz de comida, pela ingestão mais rápida do que é habitual de grandes quantidades de comida, podendo comer a qualquer hora do dia ou da noite.
Muitas vezes comem às escondidas.
Parecem ter uma ânsia pela comida, especialmente se estiverem ansiosas ou infelizes.
Parecem ter uma ânsia pela comida, especialmente se estiverem ansiosas ou infelizes.
Estes episódios tendem a ser desencadeados devido a alterações de humor, tensões emocionais ou problemas diários, funcionando esta ingestão de comida como um ansiolítico que tem como função a estabilização emocional.
Resumindo, as características típicas de uma doença alimentar passam pela visão distorcida do próprio corpo, uma opinião muito negativa de si própria, para além da alimentação anormal e inadequada.
Ou seja, uma alimentação anormal e desequilibrada é apenas um dos aspetos das doenças alimentares.
Ou seja, uma alimentação anormal e desequilibrada é apenas um dos aspetos das doenças alimentares.
O pedido de ajuda
“Como te vês? Como achas que os outros te veem? Como gostarias de ser?”
É neste sentido que surge a Psicologia, como uma forma de a apoiar no controlo do comportamento alimentar, definir metas, lidar com as dificuldades, distinguir a fome do que é apenas vontade de comer, gerir as emoções e, essencialmente, trabalhar e promover a motivação para a mudança.
A psicoterapia começa por ajudá-la a compreender o contexto interpessoal no qual os problemas alimentares ocorrem.
Permite analisar os pensamentos enviesados, as crenças que desenvolvemos sobre nós próprios e que nos limitam, que nos impedem de ver as coisas numa outra perspetiva.
E será exatamente a capacidade de aprender a colocar-se em perspetiva, a analisar-se através de uma nova e diferente forma de olhar, na presença apoiante da terapeuta, que permitirá desmontar essa visão distorcida que tanto nos causa mal-estar.
Permite analisar os pensamentos enviesados, as crenças que desenvolvemos sobre nós próprios e que nos limitam, que nos impedem de ver as coisas numa outra perspetiva.
E será exatamente a capacidade de aprender a colocar-se em perspetiva, a analisar-se através de uma nova e diferente forma de olhar, na presença apoiante da terapeuta, que permitirá desmontar essa visão distorcida que tanto nos causa mal-estar.
Recorde-se de que a sua prioridade máxima deverá ser a sua saúde e felicidade.
Estou aqui para a ajudar a encontrar o seu equilíbrio.
Marque a sua consulta comigo.
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Artigo desenvolvido em parceria com
Learn2Be - Clínica de Psicologia e Coaching
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AUTORA:
Dra. SARA LOIOS
Psicóloga Clínica, Coach, Mestre em Terapia Familiar e de Casal. Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
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